style="width: 100%;" data-filename="retriever">Em 2020, tivemos que nos adaptar, de forma urgente e necessária, às aulas remotas. Não há epidemiologista que dê conta de quantas contaminações e mortes foram evitadas por meio desse sistema.
Em contrapartida, vimos a angústia de mães, pais e responsáveis que tiveram que atender, além de outros tantos afazeres, as demandas geradas pelas tarefas escolares. Sem contar aquelas famílias que não dispõem de um computador por pessoa nos domicílios, complicando ainda mais o sistema home office. Considerem ainda os casos que sequer possuem computadores na residência, fazendo com que educadores buscassem práticas quase milagrosas para que os conteúdos chegassem aos estudantes.
Apesar do cansaço e estresse que vivenciei em 2020, ao ministrar aulas pelas plataformas digitais para os universitários, posso dizer que, muitas vezes, me peguei agradecendo por minhas filhas já estarem no mercado de trabalho. Aliás, mercado esse, que foi afetadíssimo com o fechamento de estabelecimentos comerciais e demissões, prejudicando a renda familiar. Nem vou me deter na alta dos preços dos alimentos, combustíveis, gás, luz e água. Realmente, não está fácil, para ninguém.
Porém, precisamos ter consciência de que estamos, atualmente, no maior pico da pandemia da Covid-19. O prognóstico apontava que depois de tantas aglomerações nas festas de final de ano, no carnaval, no mar ou na serra, o rebote viria.
Com nível máximo de velocidade de transmissão, hospitais lotados e caminhando a passos largos para a bandeira preta, deveria ser fácil responder ao questionamento: você prefere que seu filho continue com aulas online ou retorne presencial? Pensou que seria evidente responder on line? Pois assistimos até carreata de pessoas exigindo abertura imediata das escolas. Fiquei curiosa para saber se quem foi para a rua exigir o retorno estava apreensivo com todas as escolas e com a situação vacinal dos professores, ou a preocupação era com o "seu" filho? Considero justo nos agoniarmos com esse cenário, entretanto, a situação exige pensarmos também nos professores, filhos, pais e avós dos outros.
É claro que sabemos que aulas não presenciais incluem o risco de uma educação não condizente com o que esperamos e desejamos. Além disso, estamos com saudade de abraços, da alegria dos espaços de ensino/aprendizagem e dos corredores e salas de aula lotadas. Apesar de tudo, considero que a saída mais lógica, nesse momento, é nos resguardarmos, evitando a transmissão. Dinheiro e educação se recuperam, vidas não.
A vacinação, saída mais adequada, além de estar atrasadíssima em nosso país, ainda conta com os que duvidam da sua eficácia. É de doer, não? De minha parte, sou grata por ter participado da pesquisa da vacina Oxford, sob a coordenação local do competente professor Alexandre Schwarzbold. Fiquei mais feliz ainda essa semana, quando abriram a ficha de informações de descegamento, e o resultado apontou que eu já havia recebido a primeira e segunda dose da Chadox 1. Ufa! Viva a pesquisa! Viva a ciência! Mas não posso pensar só no meu privilégio. Precisamos de vacinas para todos, e rápido.
Se ao menos todas essas situações complexas servissem para valorizarmos os professores, a educação, e na próxima vez, votar em quem demonstra respeito pela ciência, já teríamos bons motivos para ficarmos felizes.
Aproveito para parabenizar os gestores, que mesmo correndo o risco das críticas, assumiram a postura de priorizar a saúde da população. É o mínimo que se espera dos governantes. Sugiro aguardarmos a vacina, mantermos o distanciamento, usarmos máscara e permanecermos com o vício do álcool, nas mãos, obviamente.